segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Por que as celebridades suicidam?

Morra jovem, permaneça belo, diria Kurt Cobain antes de morrer.  Mas por que as celebridades desejam morrer tão cedo? No ano passado, fiz um estudo sobre o assunto, partindo de teorias de vários autores para tentar chegar a uma conclusão.

Muitos acreditam na psicologia da alma humana, que faz com que as celebridades estejam mais expostas aos problemas e à pressão da sociedade. Outros explicam os fenômenos aliados à rebeldia e às drogas. Pois bem, vamos às opiniões deles.

Edgar Morin, em seu livro O homem e a morte, afirma que a evolução cultural da sociedade em como tratar a morte parte também do saber. Progressos técnicos, econômicos e sociais fazem com que as pessoas passem a ser governadas pelas leis, ao mesmo tempo em que se afastam de sua naturalidade, fazendo com que fenômenos naturais ao ciclo da vida, como a morte, torne-se algo insolúvel, conflitante.

Antonio Fausto Neto, no livro Mortes em derrapagem, propõe uma discussão acerca da questão da morte dos olimpianos na comunicação de massa. O autor diz que os olimpianos funcionam como uma “máquina significante” que se define como representação social. Fausto Neto diz que a mídia constrói a noção de morte de determinados segmentos dos olimpianos.

Para ele, celebridades viram “mercadorias” por se tornarem objeto de identificação, projeção e imaginação do campo de recepção. O autor reitera que a morte de celebridades transforma-se em produtos da indústria cultural, que dão forma ao discurso como mercadoria e à construção de funcionamento dos processos identificatórios da psique humana e de semantização da vida social, enquanto retratada pela mídia.

Em seu livro Morreu na contramão: o suicídio como notícia, Athur Dapieve analisa como o suicídio é tratado na imprensa e a dificuldade que a sociedade tem para lidar
com o tema. Para especificar ainda mais a suspeita morte por suicídio, no caso de Kurt Cobain, por exemplo, o autor começa definindo que a morte voluntária não é algo extraordinário, mas que a imprensa o expõe como tal.

Segundo Dapieve, existem razões lógicas para o suicídio, que causam culpa em familiares e amigos próximos ao morto. Em torno da notícia costuma haver um silêncio derivado das crenças de que o suicídio pode ser contagioso, uma vez difundido nos meios de comunicação de massa. Por sua experiência em veículos brasileiros, Dapieve percebeu que a imprensa é determinada pela visão que os leitores têm da morte voluntária. Logo, a imprensa não seria o “vetor” do contágio, mas a estância social que o sustenta. Dapieve afirma que os vínculos entre uma imprensa livre e sua sociedade são indissolúveis.

Daí eu questiono: a mídia tem ou não tem papel crucial nessa história?

Nota: Esse texto é parte do artigo científico que produzi para a Universidade Feral de Minas Gerais (UFMG), em 2009, intitulado “A morte do personagem midiático - Um estudo sobre Kurt Cobain na revista Rolling Stone Brasil, 15 anos após o seu suicídio”.

Quer ler o artigo na íntegra? Baixe aqui. 

Um comentário:

  1. Prêmio: Selo de qualidade, Te repasso o selo, veja como funciona : http://anagramadesonhos.blogspot.com/2010/11/ritual-do-selinho.html

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