sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A Rolling Stone é a prova viva (e impressa) da criação de mitos "mortos - imortais"

Para quem dúvida do que estou falando, veja a (ótima) matéria da Rolling Stone sobre os últimos dias de Michael Jackson. A revista já é especialista em divulgar o "fim" dos ídolos mundiais.

Sensacional!

Ano que vem tem mais, e no outro também. Se o Kurt Cobain já tem um exemplar especial, com matérias "inéditas", mesmo estando há 15 anos morto, imagine o Rei do Pop...

http://www.rollingstone.com.br/edicoes/35/textos/os-ultimos-dias-de-michael-jackson

Divirtam-se!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O homem do capítulo 27


A celebridade: John Lennon (1940 – 1980)

O degrau para a fama: The Beatles

O clímax da carreira: o assassinato

Um dos criadores do mito: Mark Chapman

Número de lançamentos mundiais (registrados): Estimativa de 12 filmes, 5 livros, 26 álbuns e sabe-se lá quantas camisetas, acessórios, vinis etc.

A morte: Na noite de 8 de dezembro de 1980, quando voltava para o apartamento onde morava em Nova Iorque, no edifício Dakota, em frente ao Central Park, John foi abordado por um rapaz que durante o dia havia lhe pedido um autógrafo em um LP Double Fantasy em frente ao Dakota. O rapaz era Mark David Chapman, que deu 5 tiros em John Lennon com revólver calibre 38.

Classificação do mito: trágico

Tempo eterno: canções como Imagine, Hey Jude, Let It Be, dentre outras tantas.

A personificação do herói
:
Não bastasse se tornar o galã da década de 1960 junto com os seus amigos Paul McCartney, George Harrison, Stuart Sutcliffe e Pete Best, e ser autor das músicas mais tocadas e respeitadas de várias gerações, o ídolo John Lennon morreu no momento exato de se tornar um símbolo eterno para os fãs.

O que mais a imprensa iria querer depois da morte de um ícone no auge da carreira, ocasionada por um anônimo transtornado? Pimba! Se o sucesso de Lenonn já tinha tudo para ser eterno, imagina depois de causar uma comoção pública de tamanha proporção, envolvendo raiva, saudade, ira, solidariedade, exagero e euforia dos fãs?
Não podia dar em outra: o deus da terra! Tão divino, que mesmo os mais jovens que nascem mal sabendo quem foi os Beatles, já sabem que devem respeitá-los e que jamais poderá dizer em uma roda de amigos, que John Lennon não tem boas composições, se não quiser ser fardado à críticas e rotulado como o “mal entendedor de música”.

O herói John Lennon atravessa décadas, é rentável para a indústria cinematográfica, é pauta de jornais anualmente – quando comemora-se seu aniversário de morte, é o ícone, o símbolo, o signo, o ser perfeito, criado e reforçado pela mídia.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Michael Jackson: a prova do mito em 2009


Aproveitando a onda de retrospectiva 2009, não tem como deixar de mencionar o grande ícone do pop, que até antes de morrer, nada mais era do que um pedófilo maluco criado pela mídia. Sim, Michael Jackson morreu aos 50 anos e apesar dos escândalos que foi envolvido na última década, não deixou de provar que a mídia sustenta-se num ciclo paradoxal.

Do dia para a noite (literalmente), o esquisito e abusador de criancinhas transformou-se no rei do pop, inocente por sua ingenuidade infantil. De uma forma assustadora, porém já esperada, Michael Jackson tornou-se ídolo inesquecível para pessoas de várias gerações. Em menos de duas horas do anúncio de sua morte, as redes sociais estavam congestionadas em toda a web. Suas músicas e videoclipes alcançaram marca histórica de downloads. Isso sem contar o espetáculo do funeral, com direito a ingresso, programação de shows, de emoções e de horários, com direito a transmissão mundial pela televisão.

Até onde eu me lembre, Michael Jackson foi o primeiro grande mito a experimentar todas as formas de especulação midiática da contemporaneidade cibernética, extrapolando acessos em todos os meios e aparatos tecnológicos possíveis. E até onde eu considero, ele foi um dos últimos ícones a se tornar de fato um mito.



O cinema, é claro, não poderia ficar fora dessa. Depois de abocanhar os lucros dos ingressos da turnê “This is it” – que não aconteceu, e principalmente pelal manifestação dos fãs em não exigirem o dinheiro de volta, o filme que carrega o nome da turnê foi lançado em exibição limitada nas telonas, e obviamente, já se encontra disponível para download na rede dos "piratas".

O filme nada mais é do que um aperitivo do que seria o show, e uma provocação aos que tinham pagado ingresso, no sentido: "olha só o que vocês perderam". Esse foi o primeiro da lista de longas que vem por aí.

Mais posts sobre o mais recente mito ainda aparecerão por aqui. Por enquanto, uma pequena amostra do espetáculo, quer dizer, funeral (que todo O mundo já deve ter visto).



domingo, 3 de janeiro de 2010

O ícone número 1: Kurt Cobain e o reino mítico que perdura anos

Conforme já mencionado, Kurt Cobain foi o percussor de discussões sobre o tema. Além do interesse pessoal pela carreira do músico, a quantidade de materiais que saem anualmente em memória à morte de Cobain me chamaram atenção. Mesmo 15 anos após seu falecimento, os veículos midiáticos insistem em trazer materiais "inéditos" sobre sua vida pública e privada.

Entendendo mais do assunto
Nos anos de 1990, o mundo acompanhou um fenômeno musical. O movimento grunge, como foi denominado a mistura dos ritmos hardcore, heavy metal e rock alternativo, foi um marco para as bandas que nasciam nas cidades do noroeste dos Estados Unidos, como Seattle, Olympia, e Portland. Além do ritmo “barulhento”, o tema das músicas estava relacionado com letras cheias de angústia e sarcasmo, reforçando assuntos como a alienação social, apatia, confinamento e desejo pela liberdade. Para conquistar os fãs, os músicos grunges mostravam um desencantamento geral com o estado da sociedade, assim como um desconforto ao serem prejudicados socialmente. Para fazer parte do movimento grunge, os jovens tinham que se identificar com alguns atributos dos músicos percussores do estilo, como ironia, sarcasmo, auto-humor, crítica social, revolta, desespero, sentimento de inferioridade e referências ao uso de drogas.

O Nirvana (1986-1994) foi uma das bandas responsáveis pela divulgação comercial do grunge mundialmente. Liderada pelo depressivo e agressivo Kurt Cobain (1967-1994), a banda conseguiu emplacar a marca do movimento da Geração X - como também é denominado o nascimento do grunge, incentivando o nascimento de outros grupos do estilo. Com o lançamento do álbum Nervermind (1991), rapidamente jovens de todos os países já sabiam cantar de cor hits do Nirvana, como “Smells Like Teen Spirit”, “Come as you are”, “Polly”, dentre outros. Mais do que um músico que quebrava guitarras no palco, despenteado e de voz rouca, Kurt Cobain conseguiu ser porta voz da geração jovem do início da década de 1990, que passou a admirar a sua angústia, sarcasmo e o uso abusivo de drogas, como forma de rebeldia, protesto e atitude.

Mesmo quinze anos após a divulgação da morte do ícone Kurt Cobain, os veículos de comunicação preocupam-se em tentar trazer respostas para a morte do líder do Nirvana. Várias especulações sobre o caso ainda são feitas. Apesar de todas as evidências já terem sido divulgadas junto aos laudos policiais, os veículos ainda ganham ibope, a partir de publicações de “novidades” sobre o caso, na tentativa de abrir o baú de idéias que circundavam a cabeça do músico antes de morrer.




Bastou Kurt Cobain morrer, para que de uma maneira massiva e veloz, a indústria midiática se movimentasse em prol de respostas para o acontecimento em questão. No momento da morte, a carreira e o sucesso do Nirvana não mais importavam. O que veio à tona no primeiro momento foi o fato da morte do ser intocável, o ser perfeito e ícone do rock, Kurt Cobain. “O que será do mundo sem ele?” Essa foi a questão que pautou os principais veículos, que tentam explicar até hoje, toda a vida privada do músico para apresentar uma resposta aos fãs.

A indústria cinematográfica é uma das grandes responsáveis por sustentar o tabu do mistério da morte de Kurt Cobain. No filme Last Days (E.U.A, 2005), o diretor Gus Van Sant tenta entrar na vida do músico, e toma a liberdade de interpretar os dias angustiantes que Cobain levava antes de morrer, o que sugere que ele tenha realmente se suicidado. A mesma tentativa é feita em About a Son (2006). O filme-documentário é dirigido por AJ Schnack e é narrado pelo próprio Kurt Cobain, dias antes de morrer, em uma entrevista cedida ao jornalista musical Michael Azerrad. O filme é sustentando por imagens que marcaram a vida de Cobain, enquanto ele próprio “recapitula” os momentos mais marcantes em que viveu. Usar as sonoras de Cobain foi a tentativa mais próxima do real que o cinema já conseguiu especular sobre a misteriosa morte do músico. Em contrapartida, o documentário Kurt & Courtney (1998), inspirado no livro Who Killed Kurt Cobain? (2002) escrito pelo pai de Courtney Love, levanta suspeitas sobre o suicídio do líder do Nirvana. A partir de depoimentos de amigos do casal é possível identificar as conspirações que reforçam as suposições de que Courtney Love teria motivos para assassinar o marido.

Além do cinema, vários livros já foram lançados sobre a carreira e a vida pessoal de Kurt Cobain. Charles Cross escreveu Heavier than heaven (2001), que é considerada pelos críticos musicais, a mais completa biografia de Cobain, lançada até hoje. Depois de entrevistar familiares, amigos, ex-companheiros de bandas e produtores musicais que viveram ao lado de Kurt Cobain, o autor conclui que a tentativa de suicídio do músico era uma forte tendência, sustentada desde a sua infância. O mais recente, Journals (E.U.A, 2007) é um lançamento da editora Riverhead Books, e nada mais é do que os diários de Cobain digitalizados e transformado em livro. Nele, estão descritos os sentimentos, rascunhos de música, desenhos e sonhos de Cobain.

Com tantas edições lançadas anualmente sobre o líder do Nirvana, torna-se impossível listar todas as produções de especiais que foram feitos na televisão, no rádio, na internet, nos periódicos ou nas revistas. A morte de Cobain, assim como de várias outras personalidades, chocou a imprensa e ainda não se sabe quando deixará de ser novidade.

Não bastassem as edições anuais que a revista Rolling Stone traz com especiais sobre o líder da geração grunge de 1990, tradutores brasileiros lançaram recentemente Cobain – Dos editores da Rolling Stone. O material é uma compilação dos arquivos da revista, a partir do momento que o nome do grupo passou a figurar na publicação.Trata-se do terceiro livro sobre Cobain e sua banda, a ter edição nacional – sem contar um livro produzido no país-, material muito superior ao de grupos com uma trajetória mais extensa. Essa é uma prova de que a Rolling Stone sustenta cada vez mais a imagem do mito Kurt Cobain. O que se percebe é que, a partir da morte do ídolo, a comercialização de materiais inéditos sobre a vida da personalidade midiática tende aguçar cada vez mais olhares curiosos de uma mídia reveladora de uma memória coletiva.

Criando meu mundo

Depois de quase vinte anos frequentando salas de aula, resolvi dar uma parada (provisioramente). Estudar sempre fez parte do meu cotidiano, e quanto mais eu penso, mais eu quero descobrir.

Felizmente a carreira de jornalista me surpreendeu nos último tempos e eu pude ver que é ainda é possível atuar nessa profissão morando em Belo Horizonte. Depois de passar pela redação de jornal impresso e assessorias de imprensa, o destino me fez a proposta de ficar de vez com redação para web. Há mais de dois anos nessa área, resolvi seguir os conselhos dos amigos e percebi que talvez esse seja o caminho para o futuro da minha profissão. Portanto, continuo me aventurando (e amando) trabalhar com internet.

Porém, sou a primeira a criticar àqueles que vivem por conta do trabalho. Acredito que por mais que gostamos daquilo que fazemos, sem querer nos tornamos mecânicos, e mal temos tempo de parar para pensar no que está acontecendo no mundo lá fora. Esse é o ponto positivo dos estudos, na minha opinião.
Enquanto não resolvo fazer outra pós-graduação ou não tento a seleção do mestrado, crio esse espaço com intuito de dar continuidade aos estudos da mídia, que dei início na graduação de Comunicação Social.

Descobri que para lidar com a mídia é preciso compreende-la. O interesse pela carreira e má sorte de só gostar de músicos que já morreram, me instigou para o estudo da criação dos mitos. Quando mais jovem, me perguntava: por que eu gosto do Kurt Cobain sendo que ele está morto? Passei 10 anos tentando descobrir a resposta, e há apenas 2, estou conseguindo resolver. Aliás, estou me prontificando e mexendo meus pauzinhos para tentar entender.

A criação dos mitos na sociedade moderna é a pergunta da minha vida profissional e pessoal. Acredito que para trabalhar esse conceito, além de comunicólogos, sociólogos que estudam a morte coletiva poderiam me ajudar. O cinema também está nessa realidade, porque ele é um dos principais canais para consolidar a idéia de que todo ícone que morre se torna um mito cinematográfico.

Portanto, o estudo de mitos (principalmente da música) é um interesse acadêmico, profissional e pessoal. E esse é o meu espaço para pensar mais sobre isso.