domingo, 8 de maio de 2011

O fiel público da morte

O cinema, mais uma vez, reforça a máxima que é vivenciada dia a dia nos veículos de comunicação de massa: quanto mais mortes, mais curiosidade o público demonstra ter sobre o assunto.

Esse é um dos fatores fictícios, porém justificadores do incessante interesse pela morte. O suspense “Sem Vestígios” (Untraceable, 2008) vem reforçar essa tendência. O prazer voyeur de observar a desgraça dos outros dá o tom logo na primeira cena. O vilão do filme é um sujeito revoltado com essa curiosidade mórbida das massas. Ele seqüestra pessoas e as coloca ao vivo no seu site para serem cobaias de uma experiência.

Conforme a visitação ao site aumenta, o computador libera algum mecanismo que deixa a vítima mais próxima da morte. Com o gato, o contador leva três dias para administrar o veneno até o coração do bichano virar pedra. Já com o primeiro ser humano, a audiência aumenta e o sujeito morre em dois dias. Com o segundo leva menos que um. E o terceiro morre em questão de horas.

O filme é uma fábula irônica sobre um presente bem possível, em que as pessoas anônimas perdem a capacidade de discernimento moral, porque mesmo sabendo que causarão a morte de alguém, ainda assim assistem.

Mas o maior triunfo de Hoblit neste filme é não cair na armadilha sádica de um “Jogos Mortais”. Lá o que os realizadores fazem é nos alienar cuidadosamente das vítimas, para que possamos “desfrutar” dos espaçamentos, das mortes. Aqui não. O clima é de aflição, de impotência. E Hoblit não se apressa em conter a angústia que toma gradativamente o filme. Enfim, o assassino sorri para o espectador e diz que as mãos dele estão limpas. Alguém aí ficou com vontade de lavar as suas?

Esse filme revela exatamente o que esse blog sempre se propôs a discutir. Seria a morte de personagens midiáticos algo infinatamente curioso? Por que passamos a glorificar o ícone depois de sua morte?
As respostas para essas perguntas estão entre os 68 posts desse blog. Boas conclusões!


Um comentário:

  1. Nunca gostei disso
    Michael Jackson por exemplo, ganhou mais morto do q vivo, gente q não gostava dele passou a ouvir suas músicas e adorar o cara é ridiculo

    Sobre o filme tmb gostei muito dele
    A melhor parte é ver a sadismo das pessoas quando a filha da policial aparece no site do assassino mas ele não a mata
    Todo mundo fica doido pq queria mesmo ver morte
    É, as pessoas são doentes :*

    Se quiser parceria seu link está no meu blog:

    http://falandosobreall.blogspot.com/

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