Por Daniel Duque
Há muitos que afirmam que o rock está passando, desde os anos 90, por seu inferno astral. Outros afirmam inclusive que seu declínio é sinal do início do fim desse estilo musical. Porém, uma nova cena musical parece estar invadindo o meio underground e resgatar elementos clássicos de outros tempos, há muito suprimidos. Influenciados pelo Art Rock e pela música progressiva, novos artistas surgem em vários lugares do mundo para ressuscitar um dos elementos mais admirados na história da música: a psicodelia.
Tendo tido suas origens ainda nos primeiros anos da década de 2000, quando o rock ainda amargava sua controversa cena ‘emo’ e dava sinais do início do ‘indie’, bandas como The Mars Volta já incluíam em suas músicas elementos altamente psicodélicos. Hoje, acabam de lançar seu mais novo álbum, Noctourniquet, que, nas palavras do guitarrista da banda Omar Rodríguez-Lopez, “é uma versão simplificada do que nós fizemos antes”.
Hoje, porém, é possível ver a cena se estendendo cada vez mais e ganhando cara própria. Enquanto em Los Angeles, banda a “girl band” Warpaint fazem cada vez mais sucesso no mundo inteiro, com seu primeiro álbum ‘The Fool’, em Londres surge a dupla também feminina ‘2:54’, que ganha cada vez mais fãs com seu primeiro EP. Ambas bandas têm em comum melodias bem trabalhadas, guitarras pouco sujas e tempos lentos, construindo sons aéreos, adicionados a vocais frágeis. E para quem pensa que esse é um fenomeno apenas feminino, Josh Klinghoffer, atual guitarrista do Red Hot Chili Peppers, prova o contrário com sua segunda banda, a Dot Hacker, cujo som, além de altamente psicodélico, também flerta com a música eletrônica, através do uso abusivo de sintetizadores.
Já aqui no Brasil, artistas já conhecidos mostram influências desse novo estilo em seus novos álbuns. Lucas Santtana em seu mais recente trabalho ‘Deus que devasta, mas também cura’ possui em boa parte das músicas muitos elementos psicodélicos. Mesmo artistas de estilos totalmente diferentes, como ‘Céu’ e o mais recente trabalho de Pitty, ‘Agridoce’, têm pequenos, mas sólidos toques de psicodelia, como no single ‘Dançando’, da Agridoce, cujo final mostra sons completamente aéreos e viajantes.
Não se sabe ainda se essa cena continuará avançando no underground e um dia se tornará o novo mainstream, ou se acabará por morrer antes de experimentar o sucesso mundial. Afinal, é ainda muito cedo para se supor um futuro promissor a essa nova tendência. O que é possível concluir, porém, é que esse estilo já deixou suas marcas na música e começa, mesmo que lentamente, a fazer história.
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