"Eu era ninguém até matar o maior alguém da Terra". São com essas palavras que o ícone em questão posiciona-se no mundo mítico de grandes heróis, que passam a ser mundialmente reconhecidos ou por um acontecimento fatídico de ‘salvar o mundo’, ou por ‘acabar com o mundo de vários’.
Mark David Chapman deixou de ter um nome para se chamar “assassino de John Lennon”. O indivíduo até então ‘anônimo’ poderia ser tachado de maluco, inconseqüente e transtornado, que mata uma pessoa sem ter motivos lógicos. Porém, ele não cometeu apenas um crime, mas O crime. “Na noite de 8 de dezembro de 1980, quando voltava para o apartamento onde morava em Nova Iorque, no edifício Dakota, em frente ao Central Park, John Lennon foi abordado por um rapaz que durante o dia havia lhe pedido um autógrafo em um LP Double Fantasy em frente ao Dakota. O assassino deu 5 tiros em John Lennon com revólver calibre 38”, dizia os jornais do mundo inteiro após o acontecimento.
Chapman permaneceu no local, pegou o seu exemplar de O Apanhador no Campo de Centeio e continuou a lê-lo até que a polícia chegasse. Em seu depoimento à polícia, três horas depois, Chapman disse: "Eu tenho certeza que a grande parte de mim é Holden Caulfield - que é a pessoa principal do livro. A outra pequena parte deve ser o diabo". Dali em diante, sua vida e insanidade jamais deixariam de ser mencionadas nos periódicos do mundo todo.
Mas quem era ele e por que se tornou um mito? Simplesmente por ter matado ninguém menos do que o ícone, e um grande homem, que conquistou o status de “Deus da Terra” por seu ‘perfeito’ trabalho e por ter sido vítima de uma morte tão trágica. Músico, compositor, escritor e ativista em favor da paz britânica, John Lennon foi considerado um dos maiores símbolos do século XX, porque ele, e não outra pessoa, junto com Paul McCartney, George Harrison, e Ringo Starr, foi autor das músicas mais tocadas e respeitadas de várias gerações.
Após a morte de John Lennon, Mark Chapman foi título de grandes publicações da indústria cultural. Durante vários anos, o assassino de John Lennon foi alvo de lucrativas matérias à importantes periódicos norte-americanos, como as revistas People e Rolling Stone. Em 1992 foi o protagonista do livro Let Me Take You Down: Dentro da mente de Mark David Chapman, o homem que matou John Lennon. Ele também foi interpretado no filme “Capítulo 27” - O título é uma referência a O Apanhador no Campo de Centeio, que tem 26 capítulos e foi inspirado no capítulo 27 que seria ‘escrito’ por Chapman.
Uma série de teorias de conspiração tem sido publicadas, com base na CIA e do FBI de vigilância de Lennon, devido às ações de Mark Chapman no assassinato. Em 1982, a Rhino Records lançou uma compilação de novidades relacionadas com Beatles e canções paródia, chamado Beatlesongs, que trazia uma caricatura de Chapman na capa. A banda The Cranberries lançou uma música em seu álbum de 1996 para os fiéis defuntos, intitulado “I Just Shot John Lennon“, descrevendo os eventos ocorridos em 8 de dezembro de 1980. A banda ... And You Will Know Us pelo Trail of Dead lançou uma música intitulada "Mark David Chapman”. Já o grupo Eighteen Visions fez a canção "Who the Fuck Killed John Lennon?"
Chapman foi interpretado por Jonas Ball em um filme britânico, The Killing of John Lennon, lançado em 2007. O músico Rick Springfield lançou uma música em seu álbum de 2008 intitulada "3 tiros de aviso", uma canção que descreve as ações Chapman e seu estado de espírito em 8 de dezembro de 1980. Mark Linn-Baker vai lançar Chapman em um filme que será dirigido por Sean Penn. Em 2010, a VH1 dedicou um episódio da famosa cena do crime com o assassinato e os esforços do Departamento de Polícia de Nova Iorque para provar a sanidade de Chapman. Em 2010 foi a vez de um episódio da série South Park intitulado The Tale of Scrotie McBoogerballs fazer referências ao assassino de John Lennon.
E as publicações não pretendem parar por aí. Entra ano e saem décadas que a morte de John Lennon é pauta para os principais veículos e filmes relacionados ao assassinato do maior percussor do rock n’ roll conhecido pela humanidade.
Não só a carreira, mas a morte de John Lennon gerou para a indústria cultural a estimativa de 12 filmes, 5 livros, 26 álbuns e sabe-se lá quantas camisetas, acessórios, vinis etc. O herói John Lennon atravessa décadas, é rentável para a indústria cinematográfica, é pauta de jornais anualmente – quando comemora-se seu aniversário de morte, é o ícone, o símbolo, o signo, o ser perfeito, criado e reforçado pela mídia.
O mérito e a morte fizeram de John Lennon a imagem perfeita do “Deus”. A responsabilidade pelo fim trágico desta personalidade nomeou Mark Chapmam como o Judas. O mito criado a partir de outro mito, que quando morrer será relembrado como Lennon, embora seja pelo revés do ser perfeito, porque como o próprio Lennon cantou: “Imagine there’s no heaven...’’, é fácil imaginar que não há o paraíso.
:@ que odio desse cara ! matou uma lendaaa !
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