domingo, 3 de janeiro de 2010

O ícone número 1: Kurt Cobain e o reino mítico que perdura anos

Conforme já mencionado, Kurt Cobain foi o percussor de discussões sobre o tema. Além do interesse pessoal pela carreira do músico, a quantidade de materiais que saem anualmente em memória à morte de Cobain me chamaram atenção. Mesmo 15 anos após seu falecimento, os veículos midiáticos insistem em trazer materiais "inéditos" sobre sua vida pública e privada.

Entendendo mais do assunto
Nos anos de 1990, o mundo acompanhou um fenômeno musical. O movimento grunge, como foi denominado a mistura dos ritmos hardcore, heavy metal e rock alternativo, foi um marco para as bandas que nasciam nas cidades do noroeste dos Estados Unidos, como Seattle, Olympia, e Portland. Além do ritmo “barulhento”, o tema das músicas estava relacionado com letras cheias de angústia e sarcasmo, reforçando assuntos como a alienação social, apatia, confinamento e desejo pela liberdade. Para conquistar os fãs, os músicos grunges mostravam um desencantamento geral com o estado da sociedade, assim como um desconforto ao serem prejudicados socialmente. Para fazer parte do movimento grunge, os jovens tinham que se identificar com alguns atributos dos músicos percussores do estilo, como ironia, sarcasmo, auto-humor, crítica social, revolta, desespero, sentimento de inferioridade e referências ao uso de drogas.

O Nirvana (1986-1994) foi uma das bandas responsáveis pela divulgação comercial do grunge mundialmente. Liderada pelo depressivo e agressivo Kurt Cobain (1967-1994), a banda conseguiu emplacar a marca do movimento da Geração X - como também é denominado o nascimento do grunge, incentivando o nascimento de outros grupos do estilo. Com o lançamento do álbum Nervermind (1991), rapidamente jovens de todos os países já sabiam cantar de cor hits do Nirvana, como “Smells Like Teen Spirit”, “Come as you are”, “Polly”, dentre outros. Mais do que um músico que quebrava guitarras no palco, despenteado e de voz rouca, Kurt Cobain conseguiu ser porta voz da geração jovem do início da década de 1990, que passou a admirar a sua angústia, sarcasmo e o uso abusivo de drogas, como forma de rebeldia, protesto e atitude.

Mesmo quinze anos após a divulgação da morte do ícone Kurt Cobain, os veículos de comunicação preocupam-se em tentar trazer respostas para a morte do líder do Nirvana. Várias especulações sobre o caso ainda são feitas. Apesar de todas as evidências já terem sido divulgadas junto aos laudos policiais, os veículos ainda ganham ibope, a partir de publicações de “novidades” sobre o caso, na tentativa de abrir o baú de idéias que circundavam a cabeça do músico antes de morrer.




Bastou Kurt Cobain morrer, para que de uma maneira massiva e veloz, a indústria midiática se movimentasse em prol de respostas para o acontecimento em questão. No momento da morte, a carreira e o sucesso do Nirvana não mais importavam. O que veio à tona no primeiro momento foi o fato da morte do ser intocável, o ser perfeito e ícone do rock, Kurt Cobain. “O que será do mundo sem ele?” Essa foi a questão que pautou os principais veículos, que tentam explicar até hoje, toda a vida privada do músico para apresentar uma resposta aos fãs.

A indústria cinematográfica é uma das grandes responsáveis por sustentar o tabu do mistério da morte de Kurt Cobain. No filme Last Days (E.U.A, 2005), o diretor Gus Van Sant tenta entrar na vida do músico, e toma a liberdade de interpretar os dias angustiantes que Cobain levava antes de morrer, o que sugere que ele tenha realmente se suicidado. A mesma tentativa é feita em About a Son (2006). O filme-documentário é dirigido por AJ Schnack e é narrado pelo próprio Kurt Cobain, dias antes de morrer, em uma entrevista cedida ao jornalista musical Michael Azerrad. O filme é sustentando por imagens que marcaram a vida de Cobain, enquanto ele próprio “recapitula” os momentos mais marcantes em que viveu. Usar as sonoras de Cobain foi a tentativa mais próxima do real que o cinema já conseguiu especular sobre a misteriosa morte do músico. Em contrapartida, o documentário Kurt & Courtney (1998), inspirado no livro Who Killed Kurt Cobain? (2002) escrito pelo pai de Courtney Love, levanta suspeitas sobre o suicídio do líder do Nirvana. A partir de depoimentos de amigos do casal é possível identificar as conspirações que reforçam as suposições de que Courtney Love teria motivos para assassinar o marido.

Além do cinema, vários livros já foram lançados sobre a carreira e a vida pessoal de Kurt Cobain. Charles Cross escreveu Heavier than heaven (2001), que é considerada pelos críticos musicais, a mais completa biografia de Cobain, lançada até hoje. Depois de entrevistar familiares, amigos, ex-companheiros de bandas e produtores musicais que viveram ao lado de Kurt Cobain, o autor conclui que a tentativa de suicídio do músico era uma forte tendência, sustentada desde a sua infância. O mais recente, Journals (E.U.A, 2007) é um lançamento da editora Riverhead Books, e nada mais é do que os diários de Cobain digitalizados e transformado em livro. Nele, estão descritos os sentimentos, rascunhos de música, desenhos e sonhos de Cobain.

Com tantas edições lançadas anualmente sobre o líder do Nirvana, torna-se impossível listar todas as produções de especiais que foram feitos na televisão, no rádio, na internet, nos periódicos ou nas revistas. A morte de Cobain, assim como de várias outras personalidades, chocou a imprensa e ainda não se sabe quando deixará de ser novidade.

Não bastassem as edições anuais que a revista Rolling Stone traz com especiais sobre o líder da geração grunge de 1990, tradutores brasileiros lançaram recentemente Cobain – Dos editores da Rolling Stone. O material é uma compilação dos arquivos da revista, a partir do momento que o nome do grupo passou a figurar na publicação.Trata-se do terceiro livro sobre Cobain e sua banda, a ter edição nacional – sem contar um livro produzido no país-, material muito superior ao de grupos com uma trajetória mais extensa. Essa é uma prova de que a Rolling Stone sustenta cada vez mais a imagem do mito Kurt Cobain. O que se percebe é que, a partir da morte do ídolo, a comercialização de materiais inéditos sobre a vida da personalidade midiática tende aguçar cada vez mais olhares curiosos de uma mídia reveladora de uma memória coletiva.

2 comentários:

  1. a incognita do rock:kurt cobain

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  2. OLÁ ESTOU PARABENIZANDO SUA MATÉRIA ACHEI MUITO BOM O CONTEUDO PARABENS........ATÉ MAIS CINTHIA E UM FORTE ABRAÇO...PAZ,AMOR E EMPATIA.

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