quarta-feira, 29 de setembro de 2010

De cara nova!

Em menos de um ano de existência, o Da Morte ao Mito viu a necessidade de criar uma cara mais "rock n`roll" para ilustrar e deixar claro os principais objetivos desse blog.

Para a bela ilustração que temos de fundo, o designer Armando Antonnioni (@aantonnioni) usou os posters do site www.gigposters.com, a partir de sugestões de Leonardo Bracarense (@lbraca), também expert no assunto layout e rock.

"Utilizei os tijolos porque queria fazer uma menção ao mundo urbano. Inicialmente iria utilizar as marcas das bandas como se estivessem pichadas no muro, como algo rebelde, meio caótico, dando a intenção de um mundo sem regras", afirma Armando Antonnioni. "A partir das sugestões do designer Leonardo Bracarense surgiu a ideia de utilizar posters das bandas e criar uma espécie de mural", completa o autor da arte.

A escolha dos posters foi a parir das minhas bandas favoritas. O Nirvana, claro, tinha que ter espaço privilegiado no topo deste site. =)

Espero que vocês também tenham gostado!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Debates e polêmicas preveem o futuro do rock

Um grande reboliço e revolta por parte dos fãs e de antigos músicos tem rondado a incerteza de qual será o caminho do rock daqui a uns anos. No Brasil, principalmente. As últimas semanas deram o que falar com a premiação dos “melhores músicos”, segundo a audiência de canais de música como MTV e Multishow. O público votou e os ‘mais antigos’ se rebelaram ao ver que o que faz a cabeça da garotada atualmente são bandas que muito mais interpretam papéis do que fazem um barulho cru, como nas últimas décadas.

Como abordei no último texto, talvez os Mamonas Assassinas tenham sido o grande e último ícone do rock brasileiro. Não me posiciono contra as bandas de hoje em dia, porque devem ter algum potencial para conquistar tantos adolescentes - também não conheço para julgar. De qualquer forma, há de se reconhecer que há muito tempo não vemos boas bandas nascerem em terras brasilianas.

Mas por que será? O brasileiro não sabe mais fazer música? Não. Claro que não. Como eu também já reiterei, acompanho o movimento de bandas independentes e tenho ouvido muito som bacana por aí. Porém, na minha opinião, há uma série de fatores que influenciam. Na sociedade globalizada, a aparência conta muito. Na era da convergência de mídias, quem faz o som parecido com a novelinha da TV tem grande chance de sobressair. Ao mesmo tempo, quanto mais mobilizar na internet, mais notoriedade. A inclusão digital também é grande possibilitadora para emergência desse campo.

Em contrapartida não há como negar que os novos sons que tem estourado não tem agradado a todos. Só o fato de uma premiação causar tamanho alarde, prova que os gostos estão muito bem delimitados e que muitos brasileiros já desiludiram de esperar coisas (boas) novas. O principal argumento para isso é que os pubs e casas de show espalhados pelo Brasil trazem em sua maioria, covers de bandas antigas como atração principal. “É o que vende”, defende muitos proprietários. Mas vale lembrar que o consumidor compra aquilo que é melhor.

Vale ressaltar também, que a crise musical não está só aqui. Quantos são os gringos que estão vindo à América do Sul para fazer shows até então históricos no Brasil? Isso é uma prova do que o antigo vende e é o que as pessoas querem ouvir. O que dá a entender é que há uma carência do público e das próprias bandas em ver antigos hits lotarem suas apresentações. Até essas bandas se perdem na hora de gravar novos álbuns. Já não se sabe mais o que irá vender e agradar a massa.

Ainda há uma polêmica em torno disso: será que hoje em dia os músicos tem criado bandas apenas para vender? Será que a qualidade musical tem ficado pra trás? O que é qualidade no rock atualmente?

É um longo debate. E é polêmico. O que eu acho? Sinceramente, tenho saudade dos antigos sons e acredito que muitos ainda mereçam estourar e abocanhar bons prêmios por aí...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Mamonas Assassinas: comédia e tragédia

O espetáculo de uma das maiores bandas brasileiras 


Imagine um quinteto brasileiro que carrega nos seus principais ingredientes rock, interpretação, figurino engraçado, atitude, letras cômicas e uma pitada de sentimentalismo. Pronto. Está armado o cenário perfeito para atingir público ilimitado no Brasil, sem fronteiras de classe social, cor, idade ou sexo. A solução pra um país desigual? Infelizmente não falamos de política, mas de uma banda que conseguiu quebrar paradigmas, unir a nação verde amarela (fora da copa do mundo) e provar que a mistura de ritmos é tão saudável quanto a mescla de diferentes povos.

Profundo isso, não? Tantas palavras robustas para falar de cinco malucos que formaram os Mamonas Assassinas no ano de 1995. Os últimos brasileiros nascidos na década de 1990 podem se orgulhar por terem vivido um período histórico da música. Nunca se viu tantos idosos curtindo um punk rock engraçado, nem tantas crianças com estilo alternativo para imitar os ídolos. E o mais extraordinário: com os pais apoiando, patrocinando fantasias e “discos” da banda.

Os Mamonas Assassinas formavam uma banda tipicamente brasileira de rock cômico e punk rock, com influências de gêneros populares, tais como forró, sertanejo, além de heavy metal, rock progressivo e música portuguesa. A carreira da banda durou o curto tempo de Julho de 1995 até 2 de março de 1996 (7 meses). Não só a morte de seus integrantes, como também o sucesso destes, foi meteórico e estrondoso.

Com um único álbum de estúdio, Mamonas Assassinas, lançado em julho de 1995, o grupo acarretou a venda de mais de 2 milhões de cópias no Brasil, sendo certificado com Disco de Diamante em 1995.

Porém, no auge de suas carreiras, os integrantes da banda foram vítimas de um acidente aéreo fatal. O Brasil inteiro parou para lamentar a morte do quinteto que havia conquistado toda a rede de televisão e rádio nacional. O mais impressionante foi a forma como a crítica recebeu a irreverência do grupo, que mal deu tempo para as tribos esquerdistas tentarem abalar a sua carreira, ou de outros jovens tentarem sequer copiar o estilo para concorrer.

Dinho (Alexsander Alves) – vocal, Bento Hinoto (Alberto Hinoto), Júlio Rasec (Júlio César), Samuel Reoli (Samuel Reis de Oliveira) e Sérgio Reoli (Sérgio Reis de Oliveira), experimentaram a fama na medida exata da aprovação unânime do público. Os cinco jovens ainda foram além. Eles mergulharam na onda de sentimentalismo, demonstraram o sentido da real da amizade e deixaram este planeta para entrar na lista dos seres humanos mais aclamados neste país.

Toda a energia que envolveu os Mamonas Assassinas ainda é sentida pelos brasileiros. Não há quem não se recorde do fatídico março de 1996, quando esse país perdeu um dos seus maiores ícones musicais. A morte rápida ocorrida de uma forma tão estúpida, justo com um grupo que aquecia sentimentos humanos no momento de fervor da carreira, fez do ícone Mamonas Assassinas mais do que um mito intocável, pois enalteceu ao máximo a aura do fenômeno midiático.

Muitas sensações foram experimentadas pelo imaginário social, simultaneamente, sentida pela mídia e por várias famílias apaixonadas pelo grupo. O que era amor e paixão transformou-se em raiva e indignação. A morte pública foi vivenciada no momento de maior sensibilidade comum.

O espetáculo dos Mamonas Assassinas não teve final feliz. Porém, conseguiu levar eternamente a admiração do público que jamais deixou de aplaudir os atores.

Vote no Da morte ao Mito para o prêmio Vagalume 2010

Premio Vagalume 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A morte vale o preço da fama?

“Morra jovem, permaneça belo”, definiu Kurt Cobain em algum de seus escritos suicidas. O fato do fim significar o recomeço para muitas carreiras musicais já é algo que venho discutindo e estudando há algum tempo. Tudo que morre na hora em que se experimenta grande aprovação pública, se eterniza no tempo. Esse texto é um reforço de tudo que venho tentando provar nos últimos meses. Não é à toa que o nome deste blog é Da morte ao mito.

Mas para ser mito é preciso morrer? Não necessariamente. Ou melhor, ninguém precisa morrer para fazer sucesso. Pelo contrário. É preciso estar bem vivo para deixar um bom repertório e conquistar muitos fãs em sua carreira. Porém, todos aqueles que se tornam ídolos e por alguma fatalidade – ou vontade própria – morrem no auge da fama, eternizam-se no tempo. Pare e repare. Somente estes ganham especiais de televisão, capas de revistas mundiais, documentários, filmes, bibliografias e uma série de homenagens prestadas por fãs e por veículos, que sabem que conquistam um elevado número de vendas com essas publicações. (Veja postagens mais antigas)

Mas muita banda boa ainda está na ativa, você contra argumentaria. Com razão. Temos ótimos exemplos de ícones que se consolidaram no tempo por pura competência musical. Mas você há de convir que muitos desses experimentaram a carreira na temperatura morna nos últimos anos. Obviamente que isso não significa que a banda não saiba mais fazer música. Muitos fatores influenciam, como concorrência, acessibilidade e a própria inclusão digital, que faz de muitos anônimos, fenômenos na internet.

Portanto, sugiro uma simulação da morte de algumas bandas em determinados momentos e as possíveis influências destes músicos nos dias de hoje, caso isso tivesse acontecido. Por favor, não quero matar ninguém, mesmo porque, muitos da lista abaixo são meus ídolos. Quero propor apenas uma possibilidade de retorno midiático ao redor da morte.

E se Axl Rose morresse?
Com certeza centenas de milhares de fãs continuariam a seguí-lo em todas as partes do mundo, mas já pensou se isso acontecesse nas duas últimas décadas? Axl seria imortalizado, dado ao número de influência de suas músicas e do sucesso estrondoso do Guns n` roses.

- Morre Iggy pop. Essa chamada seria suficiente para ser publicada e viralizada na internet em menos de 30 minutos, para todas as partes do mundo. O ícone do rock causaria reboliço planetário devido à sua influência.

- O adeus a Anthony Kiedis. A despedida do vocalista do Red Hot Chili Peppers seria tão comovente quanto assistir ao fim da adolescência de muitas garotas. Uma das personalidades mais influentes dos anos 80, o frontman seria eternamente homenageado.

- Bruce Dickinson morre em queda de avião. Pronto. Depois de Ronnie James Dio, essa ia ser a notícia fatal para a legião metaleira de todo o mundo. Já dá até pra imaginar os documentários mostrando que o músico morrera ao lado da paixão por aeronaves.

E para você, quem seria inadmissível estar nesta lista?

Michael Jackson é a prova mais recente desta influência causada pela tragédia que se torna pública. Apontado como malfeitor por muita gente, o rei do pop morreu e provou o carisma, o perdão e ainda levou o arrependimento de muitos que se revelaram fãs depois de sua morte.

O fato de essas bandas ainda estarem vivas é uma oportunidade imensa para o público ter o privilégio de cantar ao vivo as músicas dos artistas citados acima. Porém, a hora de parar causada por uma fatalidade é uma chance ainda maior de embalsamar álbuns que ajudaram a construir a juventude de muitas pessoas, a partir da proporção de sucesso alavancada pela mídia de massa.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Novas bandas: independente por que?


As novas bandas que surgem a cada segundo nos mais variados locais do mundo são chamadas de “bandas independentes”. Mas será que essa nomenclatura condiz com a realidade?

Ok, teoricamente a terminologia faz sentido no âmbito burocrático de registro. As bandas chamadas de independentes são bandas sem vínculo com grandes gravadoras. São grupos que não estão atrelados a nenhum tipo de empresa mainstream, e usam 99% das vezes, a internet como principal meio de divulgação de seu trabalho. Sabemos também que esse mercado qualifica estilos musicais, assegura estereótipos e é uma esperança a mais para quem quer ser músico, mas não tem condições financeiras para se lançar ao público.

Não tenho nada contra as bandas independentes. Pelo contrario. Apoio, ajudo a divulgar, participo de festivais do gênero e acho até que muitas delas superam inigualavelmente ao que temos visto fazer sucesso por aí. Porém, não compartilho da ideia de que são independentes. Arrisco dizer que elas são tanto quanto (pra não dizer mais) dependentes do que as bandas “regulamentadas”.

Vamos ver porque?

As novas bandas dependem:
- De divulgação: muito mais do que os grupos que contam com apoio de gravadores, que conquistam patrocínio e a visibilidade é muito maior, graças à verba de publicidade investida;
- De reconhecimento: é muito mais difícil convencer uma pessoa a ir num festival de música nova, do que ir a um bar onde “já se conheça todas as músicas”. Muitas vezes, novas bandas conseguem sobressair a partir de covers de outros grandes grupos.
- De público: essas bandas nunca irão sair do “Lado B” se não conseguirem provar para grandes gravadoras do que são capazes;
- De argumento: não é fácil provar que “é legal estar no mercado independente”;
- De esperança: afinal, se não acreditam que um dia pode dar certo, é melhor desistir antes de montar
- E de sucesso, porque afinal, a maioria delas merece, e muito!

Será que o Brasil está pronto pra isso?

O Brasil tem público, mas não tem organização suficiente para fazer desses artistas grandes nomes nacionais. Basicamente, a situação financeira conta muito para essa divulgação. Após a revolução digital e a inclusão de qualquer pessoa na web ficou ainda mais difícil qualificar as bandas, devido à grande quantidade e à pouca qualidade do que temos visto por aí.

O brasileiro também não tem a cultura de valorizar novas coisas, se não estiver divulgado na grande mídia de massa. De quem é a culpa? Da nossa educação cultural, em primeiro lugar. Damos mais valor à reality shows do que em grandes artistas. A banalização e disseminação de programas culturais “não pensantes” acomoda o brasileiro de tal forma, que se tiver shows em praça pública de musicistas renomados, ele prefere ficar em casa assistindo à telenovela.

Muita gente gosta de dizer que “música boa é música antiga”. Será que é porque antigamente as pessoas davam mais valor ao que acabava de nascer? Grupos como Ramones, Nirvana e até o próprio Cazuza (já que estamos falando de Brasil) e outros surgidos até a década de 1990 tinham tudo pra dar errado. Eles eram rebeldes e depunham contra ao conservadorismo da sociedade. Porém, o público parava pra ouvir muitos deles, que mal tinham recursos financeiros para comprar equipamentos.

Portanto, esse texto não é para discutir simplesmente o nome independente. Proponho aqui uma reflexão que vai muito além. Novas bandas com bom potencial dependem muito mais de você empresário, gravadora, mídia e público, do que muitos grupos que tem feito a cabeça dos nossos jovens por aí.

Pensem nisso!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O rock na web: o laço mutualista volta a unir as duas “espécies”

Jornais do mundo inteiro veicularam nos últimos dias, a manchete da união Arcade Fire e Google Street. Em uma sacada que tem tudo pra dar certo, o clipe de “We used to wait” single do novo álbum da banda, “The suburbs”, traz uma ação interativa e bastante curiosa para os fãs da boa música.

O diretor Chris Milk usou os recursos do Google Maps e Google Street para fornecer uma versão personalizada ao usuário, que precisa digitar um endereço de sua escolha para assistir ao trabalho. Imagens de cenas gravadas são combinadas com imagens das ferramentas de mapa do Google. Várias janelas mostram um homem correndo e, a sensação, é de ele estar no local que foi sugerido. O clipe ainda tem uma ferramenta de interação por meio de desenho.

Essa não é a primeira vez que a banda canadense cria vídeos online interativos para divulgar suas novas músicas de trabalho. Em "Neon bible", CD de 2007, o grupo lançou clipes para "Black mirror" e "Neon bible" em que o internauta, via mouse, interferia e criava a ação do vídeo e até do volume da canção.

A combinação do rock com os recursos de tecnologia na web é uma combinação que sempre deu certo - a começar da premissa que a rede ainda é a melhor forma de divulgação de novas bandas. Quantas são as rádios web e os artistas que atualmente contam com a divulgação da internet para veiculação de suas músicas e compartilhamento de textos e comentários entre os usuários?

A popularidade hoje parte principalmente da web. As redes sociais de música são outro exemplo de que a combinação entre as duas espécies agrada a um mesmo público. Os games também não fogem desse perfil. O Guitar Hero tornou-se sensação entre os jovens de todo o mundo. Com o aparato das tecnologias modernas, até as práticas que antigamente as pessoas tinham que nascer com “dom” pra realizar, tornam-se acessíveis para qualquer um. Tocar guitarra era uma graça dos músicos dotados de muita experiência e de atitude rock n’ roll, e hoje é compartilhada por vários anônimos – o que também é bom para as bandas, que ampliam a divulgação de seu repertório a partir do envolvimento prazeroso dos fãs.

Pelas discussões que vemos por aí, nem será preciso ter um retorno do novo video do Arcade Fire, para perceber que esse será o primeiro de muitos e não só desta banda. Com o crescimento acelerado da internet, os músicos tornam-se reféns desse meio que apesar de substituir os cds, ainda é a principal fonte de divulgação de qualquer mercado.

Para assistir ao clipe interativo de "We used to wait" é preciso ter o navegador Google Chrome instalado no computador.

Veja: http://thewildernessdowntown.com/